O JARDIM DAS OLIVEIRAS, DE NÉLIDA PIÑON: A CONSTRUÇÃO DO NARRADOR E DA NARRATIVA EM RELATOS DE EVENTOS TRAUMÁTICOS

Autores

  • Sandra de Fátima Kalinoski Universidade Federal de Santa Maria

Resumo

A presente discussão tem como objeto de análise o conto O jardim das oliveiras, da escritora Nélida Piñon. A partir do discurso em primeira pessoa do narrador, pretende-se observar como narrador e narrativa se constroem para tornar possível o relato de experiências extremas como as experimentadas por meio da prática da tortura, bem como de que modo as marcas da violência sofrida são refletidas na escrita literária e como a literatura é capaz de, pela verossimilhança, exercer a função social de resgate e preservação de memórias em prol da conservação da memória coletiva. Para embasar a referida discussão, buscou-se respaldo em referenciais teóricos de Sigmund Freud, Erich Auerbach, Theodor Adorno e Márcio Seligmann-Silva, entre outros.

 

DOI: 10.5935/1984-6614.20180021

Biografia do Autor

Sandra de Fátima Kalinoski, Universidade Federal de Santa Maria

Sandra de Fátima Kalinoski é Doutoranda em Letras pela Universidade Federal de Santa Maria e Mestre em Letras pela Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões. Atualmente é servidora pública federal/Técnica-Administrativa em Educação no Instituto Federal Farroupilha – Campus Frederico Westphalen. É membro do Grupo de Pesquisa Literatura e Autoritarismo da Universidade Federal de Santa Maria. Desenvolveu pesquisa sobre a ficção brasileira pós-64, discutindo questões referentes à problemática da memória, do esquecimento e da fragmentação da narrativa. Atualmente segue desenvolvendo pesquisa sobre a escrita de narrativas ficcionais pós-64, enquanto recurso para tentativa de assimilação e reelaboração do trauma vivido pelas vítimas de violência da Ditadura Militar brasileira.

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Publicado

2018-12-09

Edição

Seção

Filosofia, Política e Literatura